Correr. A vida manda sempre você correr. Pra ondê? Nenhuma placa foi indicada, nenhum
caminho pra seguir. Mas como? Sem indicação, mas mil rotas pra lugar nenhum estão adiante.
O som de cada passo é estrondoso quando chega a noite, num rápido ato até ecoar sobre cada pensamento, se transformando até, talvez, em sonho. Sonho ou pesadelo? Imagens irreconhecíveis, abstratas, formando um belo todo cheio de interrogações a sua volta, dentro de um infinito espaço chamado imaginação, obscuro paraíso de sombras.
E que graça teria se tudo o que planejamos chegasse como num fast-food, em belas bandejas, sendo servidas, nesse caso, por um entregador de desejos. Ah! Que fácil seria, acordar cedo não para correr, como diz a vida, mas para viver. Acordar não para morrer, lentamente, mas para estar vivo de verdade. Viver um pouco mais, menos dias iguais. Mas não. Ironicamente o valor da vida está no esforço que se faz para conseguir o que se quer, sem saber ao certo se o que se quer é o que se vai conseguir, mas faz-se necessário o voo de braços abertos, atirado a névoa lá fora, perseguindo as horas como se o último dia fosse hoje.
A falta que a falta faz! Como diria Jay Vaquer. Sem a falta, que valor teria cada decisão, cada sorriso e cada lágrima? Cada medo, cada pavor, cada amor, cada xícara de café quente. Falta tudo quando não falta nada. Que nada! Diria o tolo preguiçoso por alguns momentos, ou por alguns anos. Mas um dia a falta faria ele enxergar a falta que a falta faz! E é sobre a dita cuja, que nossas vidas se movem. E a corrida da vida faz com que, aos poucos, essa falta diminua, sendo substituída lentamente por mais uma taça de vida. Que se bebe saborosamente, com gosto de vitória, de dormir em paz. É uma pena que, não importa quantas taças dessas você possa enxer, no final do tempo, todas irão se quebrar pra você. De uma forma que você será incapaz de concertar, e a corrida terá chegado ao fim.
Quem sabe você perceba, muito antes do final, a falta que a falta faz... porque até no último dia, faltará. Faltará não tanto, e também, quem sabe, o eterno sono profundo que virá será mais pacífico do que aquelas turvas horas que passamos entre a lua e o sol. Ah, que corrida! Que bela corrida, afinal.
Adorei!
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