quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A beleza da melancolia

Não é dor, não é sofrimento. É somente uma melancolia. A melancolia pode ser traiçoeira para alguns, podendo levá-los sutilmente a tristeza, enquanto acreditam que nada está acontecendo. Sinal de fraqueza? Talvez. Mas, para mim, é bem diferente. Eu encontro beleza na melancolia. Ou até mesmo nos maiores sofrimentos expostos pela arte, como em algumas músicas. Hoje está chovendo lá fora, e choveu aqui dentro, dentro de mim. Não doeu, não sofri, mas a melancolia inspiradora me tomou espaço para me dizer algumas coisas que eu deveria escrever aqui.

Como os grandes dizem, é na dor que aprendemos as melhores lições. A felicidade costuma nos distrair, não ensinar. Cada parte de tudo isso é uma peça nesse quebra-cabeças que alguns chamam de vida, outros de ilusão. Fato é que ao ouvir o sofrimento de alguém, expressado em arte, não me fragilizo, eu vejo a beleza envolvida, a sensação daquela luz brilhante que vem do céu após uma longa noite negra. O sorriso que paira ao fim da tempestade. A melancolia é bela, é ela quem cria a beleza num cenário como, por exemplo, chuva, violão e fogueira. Existe algo mais inspirador? O som da chuva se mistura aos meus pensamentos, a luz do fogo e as notas do violão se soltando no ar fazem um paraíso.

Eu, novamente no meu jeito filosófico de analisar algumas coisas, descrevo alguns sentimentos inevitáveis perante essa melancolia que me governou por agora, por hoje... ou educamente apenas se disfarçou e se ocultou nas últimas semanas. Aquietada, desajeitada, esperando pelo momento correto. A riqueza dos detalhes dá voz aos meus versos. Chova, chova em minha vida, e lave minha alma, leve o que está de passagem. Mas deixe, deixe o que de melhor trouxe para mim.

Melodia Emudecida

Sejam bem-vindos. Sou uma péssima pessoa parar criar nomes. Porém, ao pensar por uns minutos, me dedici pelo nome "Melodia Emudecida", pois aqui eu quero deixar escrito tudo que sinto dentro de mim, impulsos que "soam" como melodias, mas que ficam emudecidos em minha mente e coração, porém com uma forte necessidade de transbordar para fora, de sair para a vida e tomar forma, fora de mim. Enquanto não me torno um bom músico para transformar todos os meus versos em canções, o nome está aí para dizer minha situação atual.

É início de madrugada, e a madrugada sempre me inspira. Mas não falarei disso hoje. Ultimamente sinto-me, dando continuação ao assunto do nome, emudecido. Não sei se isso é bom ou ruim. Dentro de mim impulsos palpitam e empurram, e correm em círculos, explodindo em vontades e necessidades maiores do que eu. Mas ao mesmo tempo eu estive de certa forma calado, quieto, parado, como se houvesse escolhido calar-me sobre os mesmos numa tentativa frustrada de aquietar-me. Sabe-se lá por qual motivo, mas não foi, de fato, uma escolha. Esses mesmos impulsos cheiram a vida, aquela sensação vívida de vida, redundantemente proposital. Mas onde está essa vida? Onde estou e o que vivo agora não é a vida que me explode aqui dentro. Às vezes pareço estar no corpo errado, ou andando em círculos intermináveis que não sabem olhar pro relógio.

Por vezes me sinto um adolescente em crise existencial, tentando descobrir quem eu realmente sou. Ou talvez eu já saiba mas ainda não tenha a vida a qual idealizo, portanto não posso afirmar-me como o que sinto ser, se é que consegue entender essa lógica. Quisera eu voltar no tempo, e, talvez, ter mudado o rumo desses círculos de hoje. Mas, novamente, o talvez vem e me diz: era pra ser assim. Era? Bem, algo, no fundo, me diz que eu ainda tenho um lugar merecido me aguardando, uma grande vitória na vida a me esperar. Ilusão? Expectativa demais? Frustração. Por enquanto, só. Por enquanto, o tempo passa, e enquanto o acaso não vem justificar meu caso, eu paro, aguardo, silencio... após eu falo, desentalo, desamarro e cuspo palavras ilusórias, dentre devaneios diversos. Só. Ainda, .