domingo, 14 de outubro de 2012

Novo

Ontem, eu tinha 15 anos. Hoje, tenho 22. O que é a vida? E quanto tempo nós temos?
Começar esta reflexão com uma indagação, ao invés de uma desesperada tentativa frustrada de responder a qualquer rumo que a vida toma, é mais seguro agora.

Me lembro do quanto somos jovens. Falo de muitos ao meu redor, das pessoas que estudam no mesmo local que eu, de outros milhões espalhados pelo mundo. Tento enxergar o calendário e, com mais esforço, o relógio, já embaçado e distorcido pela ilusão de que estes momentos de juventude irão durar para sempre. Mas ainda tenho em mente que somos o novo. Somos aqueles em que a sociedade espera extrair algo transformador, algo que valha a pena. De outros, a mesma, já sem esperança, apenas guia conforme o ritmo da boiada, rumo ao mesmo triste caminho com o velho final já conhecido. Em meio a corrida, vejo-me cansado. Ironicamente estagnado, com um imenso estoque de energia suficiente para mudar o mundo, mas acorrentado por um cotidiano que parece andar em círculos, numa espera que enxerga uma luz distante, tentando viver em paz, a espera de um milagre com uma esperança por vezes cintilante, por outras, afetada. Não sou capaz de me contentar com minha simples vida, quando olho para o mundo e ouço um grito intenso e desesperado de socorro, um pedido silencioso de uma nova mentalidade que possa retirar vidas do rumo da destruição. Mas, se não posso quebrar as correntes que me impedem de caminhar, como serei capaz de alcançar quem além está?

A frustração torna-se uma companheira, algo que não há como expulsar. A mente pulsa em um momento, ao ver algum sinal de saída, mas o tempo corre e apaga todo rastro de vida fora desta esfera em que me encontro, forçando-me a caminhar de volta a onde eu estava seguindo, sem saber se, ao final, terá valido a pena todo esforço no mesmo. Os dias vão engolindo aquilo que passa, que chamam de vida. Uma essência corajosamente vívida e destemida arranca da frente todo desânimo, como um instinto de sobrevivência mágico e talvez surreal, insistindo para olhar para frente, soltando palavras de esperança dentro do coração. Vamos alcançar o outro lado. Será? No fundo, sempre acreditei que sim, mas, essas palavras me lembram que sou humano, e não perfeito. Tento encontrar forças na voz que diz "apenas mais um passo, apenas mais um dia...", e prossigo, mesmo sendo difícil respirar o ar de uma estrada confusa e poluída, me esforçando para lembrar que existem poucas chances, mas, ainda sou o novo. Ainda sou jovem, e minha vez é esta. Nunca mais haverá outra. Amanhã talvez já tenha escapado. Diga oi a natureza, sorria para a vida enquanto ela está aqui. Somos apenas um vento passageiro. "Se hoje eu sou estrela, amanhã já se apagou".